sexta-feira, 13 de julho de 2012

Moscou de Wassily Kandisky



A cidade se entorta, se alonga, refaz suas cores, se funde e se recria impulsionada pela força da sociedade e dos movimentos, daí a noção de espaço produzido, porque a cidade é uma forma de rebelião à natureza. Quando olho essa obra de Wassily Kandinsky (1866 - 1944) essa impressão torna-se mais contundente, esse pintor se interessava pela espiritualidade e pela expressão da essência da arte, por isso está na origem da pintura abstrata. Mas a obra é abstrata em suas formas mas não em conteúdo. A obra "Moscou" é quase toda cor, o centro da obra é carregado de vermelho, é o centro da cidade, onde tudo se junta e se confunde: o passado e o presente; o religioso e o moderno. Ao se afastar do centro, as cores são mais frias e com tonalidade escura, como se a vida pulsante perdesse sua intensidade.  Os traços que delineiam as formas são vigorosas (prédios e monumentos) mas ao mesmo tempo plásticas, essa talvez seja outro aspecto da modernidade que faz sentido hoje ainda, a cidade parece sólida mas na verdade está se desfazendo a todo instante. 

A cidade é tudo simultaneidade, as coisas se distribuem, irradiam-se sob formas e modelos variados, as descrições tracionais da cidade não bastam, pois são momentos, que não dão conta dessa espécie de processo axial/radial, não mais linear, como ainda se vê em cidade pequenas. Esta linearidade espacial persiste em vários lugares, mas cada vez mais desaparece. A cidade de hoje é muito mais permeável as entradas econômicas, culturais e migratórias. A historia não basta como forma de captar o sucedâneo, pois quando isso termina, já existe outra cidade, a história não pode captar a lógica da cidade, nisso Edward Soja em seu livro “geografias pós-modernas” parece estar certo.

A cidade é muito mais labiríntica, muito mais tudo ao mesmo tempo acontecendo e em todos os lugares, cada parcela da cidade não reflete o todo, nem o todo pode-se chegar ao entendimento das partes, na verdade pode-se aproximar, achar uma noção de como é uma possível dinâmica, o cerne impulsionador da vida e metamorfose da cidade ainda é difícil de capturar, vejamos a cidade de São Paulo, será que basta a conjuntura internacional e nacional para explicar a dinâmica da cidade ou sua lógica interna, também tenho duvidas que somente o processo econômico interno da cidade por explica-la.

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