sábado, 30 de março de 2013

Como vejo a arte pela geografia

Fotografia: National Geography. Produzido por Skye von der Osten
 Como vejo a arte e a geografia: Um pouco devido a algumas leituras teóricas sobre a arte como “A dimensão estética” de Herbert Marcuse, outro tanto pelo caminho que se abre quando se pensa numa ontologia em que a geografia se faz como parte do Ser e outro tanto, porem de forma bem mais prazerosa, simplesmente contemplando a musica, a pintura, a fotografia e outras expressões da arte, venho adquirindo a partir desses caminhos uma concepção de valor e de representação da arte quanto ao papel renovador que ela pode durante um longo sono pensei a arte como um acessório, um simples deleite intelectual ou um tipo de universo paralelo ao mundo dito real.

Tenho agora pensamento diverso disso, chego à conclusão que a obra artística é além de seus outros usos, também uma maneira de lidar com a realidade. É decerto uma atividade dessemelhante às ciências sistemáticas, mas é genuinamente uma busca pela descoberta ou redescoberta da realidade. Claro que a arte não aspira à universalidade, mas com ela se envolve, a arte não se preocupa muito em distanciar sujeito e objeto, mas com esse par epistêmico se entrelaça, é com certeza um trabalho sistemático, exige pesquisa e geralmente é esgotante para o artista física e intelectualmente.


É verdade que as obras artísticas são plasmadas por visões pessoais, às vezes oníricas e sentimentais, mas não se desligam de certa reflexividade com o tempo e espaço que tanto os artistas como suas obras estão inseridos. Por isso, não vejo nenhum contrassenso em afirmar que o artista está dentro de uma geografia e de uma época e, também podem eventualmente expressar de modo estético essas geografias e o tempo de um modo também revelador.

Expressar para mim nesse caso equivse comunicar, entendo que o artista através de seu trabalho artístico desenvolve um tipo de comunicação, pois além de querer se comunicar com o mundo, esta talvez antes de tudo, se comunicando consigo e com o outro.


Sua obra em muitas ocasiões reflete como se sente perante seu entorno, como percepciona e interioriza sua geografia. Essas experiências estéticas são públicas no sentido de compenetrar-se no outro, mexe com nossa maneira ver e sentir o real. Seja alterando o que vê (objetividade) quanto tornando visível aquilo que está invisível aos olhos, nesse ponto o psicanalista francês Lacan parece estar certo quando diz que “a arte poderia nomear o que não se deixa ver”, e a obra artística é uma forma de comunicar a realidade do mundo, dos homens e de suas geografias sob uma visibilidade poética, plástica, musical ou em outras diversas formas de expressão estética



Geografia ciência e geografia estética


Farm Folk Art Landscape Autumn Apple Harvest Fairy Tale Fantasy Rural Fall Country Americana Life. Disponível em: http://fineartamerica.com/featured/farm-folk-art-landscape-autumn-apple-harvest-fairy-tale-fantasy-rural-fall-country-americana-life-walt-curlee.html



A geografia como ciência procura uma lógica do espaço produzido, de uma ordem econômica ou natural que está presente na localização e distribuição, o homem e o meio são parte desse entendimento científico, mas de um modo a estarem presente no processo, vistos como causas. Na estética, a geografia está presente pelo artista e/ou escritor, mas ela é uma ontologia, ela se dá em muitas obras como inseparável do homem e inextrincavelmente ligado ao meio. A estética também faz revelações geográficas, mas do ser. Na expressão artística os seres não somente fazem geografia como se encontram nela como seres. Aliás, se há histórias da arte, porque não falar agora das geografias nas artes.


As construções, estradas, campos cultivados, e outros arranjos espaciais refletem certamente o que os serem de uma determinada sociedade pensam sobre si mesmos e sobre o mundo de seu tempo, há nelas funcionalidades, poder e exaltação de sua glória material. Mas há singularidades, seres que como artistas e escritores falam dessa geografia em suas obras e captam uma ontologia, a do homem e o meio, se permitem criar geografias e que se permitem falar dela sem ter que balbuciar de forma fragmentar essa relação, eles falam da geografia com naturalidade, em uma totalidade.